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sábado, 24 de abril de 2010

ESTABELECENDO LIMITES


MINHA RESENHA

MACHADO, Patrícia Brum. Comportamento Infantil: Estabelecendo limites. Porto Alegre: Mediação, 2005 (Coleção Cadernos Educação Infantil)

Patrícia Brum introduz o livro com a teoria de Freud dizendo que o período de desenvolvimento psicossexual do ser humano vai dos 3 aos 6 anos de idade, sendo chamado por ele de estágio fálico.
De acordo com Freud, o acontecimento mais importante, durante o estágio fálico, é o chamado complexo de Édipo que ocorre tipicamente entre os quatro e cinco anos de idade, onde a menina concentra sua afetividade no pai, e o menino na mãe. As identificações com os pais emergem à medida que o complexo de Édipo é resolvido, e é necessário que haja repressão pois se não houver o Édipo não é resolvido. O que futuramente, pode resultar em uma sexualidade infantil, parcial e difusa.
Erik Erikson, também citado no livro, diz que em cada fase do ciclo vital, existe uma crise psicossocial associada ao crescimento orgânico na infância e as etapas de maturidade e envelhecimento na idade adulta; ou seja; existe uma necessidade de ajustamento às solicitações do ambiente
De acordo com Piaget a crianças passam por estágios que significam mudanças qualitativas. Dos 2 aos 6-7 anos (estágio-pré-operacional), se desenvolve a função simbólica, que ajuda a criança a assimilar situações que são difíceis ou não para ela. Neste período a criança tem um pensamento muito egocêntrico, e tende a achar que todas as pessoas pensam como ela, e que por isso seus pensamentos podem ser compreendidos
Para a autora o período pré-escolar é marcado por consideráveis mudanças, e o maior problema dos pais nessa fase, é a impossibilidade prática de acompanharem o processo evolutivo dos seus próprios filhos, pelo simples fato de não se adaptarem aos estilos de comportamento. E para Rosa (1991:76), “o resultado desta falta de adaptação por parte dos pais é que muitos procuram impor rígidos limites ao comportamento da criança, quando de fato ela já se encontra em uma fase bem mais avançada e , por conseguinte, merece outro tipo de pensamento mais condizente com seu estágio de desenvolvimento”. Ainda segundo Rosa (1991:89) “Além do negativismo, a criança dos 4 aos 6 anos apresentam um comportamento um tanto egoísta, possessivo e ciumento. Tais comportamentos muitas vezes aparecem sem um motivo aparente, porém fazem parte do desenvolvimento saudável de sua personalidade...”
Nesse período é fundamental a presença de bons exemplos, para que a criança possa imitar.
A autora cita quatro universos que segundo Schulman são, respectivamente, “a família e o lar”, onde começa a sua atitude com relação a si mesma, e com os outros e à vida em geral; “a escola”, onde se pretende que a criança trabalhe corretamente e que tenha um comportamento sociável; os “amigos”, com os quais a criança começa a aprender regras sociais e os modelos de comportamento imitando os adultos, influenciando o e sendo influenciada por outras crianças e por último o “mundo interior”, que é o mais importante e difícil para compreender. É o mundo de seus pensamentos, de seus medos, de suas esperanças, de suas atitudes e de ambições.
A atenção de pais e educadores deve se dar em relação à criança que não quer fazer amizades, àquela que tenta “comprar” amizades, à criança que gosta de se fazer de ridícula, para que as outras riam dela em vez de rirem junto com ela, e àquela criança que prefere brincar somente com pessoas mais velhas ou mais novas a brincar com as da sua idade.
A criança que vive num ambiente tenso e estimulante de agressividade, provavelmente será uma criança agressiva. Já as crianças que vivem num ambiente onde há passividade, submissão e cortesia impostas por regulamentos, a agressividade poderá ser considerada como uma conduta problemática.
Para a autora, assim como a restrição em excesso, a tolerância em excesso também é prejudicial, porque impede a criança de tomar consciência das limitações que a vida em sociedade lhe impõe, tornando-se um ser completamente egoísta e desagradável, angustiado, irritável e infeliz, pois seu querer vem sempre na frente do poder.
Adultos coerentes geram confiança nas crianças, crianças seguras costumam ser mais obedientes. Não é correto exigir obediência induzindo medo à criança, mas, sim, esclarecer aquilo que se espera dela nas atitudes ao comer, dormir, fazer atividades, recolher e cuidar de seus brinquedos.
O livro trata ainda de conflitos, que são de fato presentes, e merecem nossa atenção como a “inveja e o ciúme”, que são sentimentos presentes também em nós, adultos, e que indicam insegurança, então não devemos estimular competições e nem fazer comparações elogiando apenas um filho ou aluno, criticando os demais. A “birra e o choro”, tais crises geralmente são desencadeadas por exigências ou negativas feitas pelos pais e servem de recursos que a criança usa para intimidar seus pais e professores. A atitude-resposta dos adultos é que vai determinar a intensidade dessas crises. A “inquietação infantil”, que pode ser resultado da falta de espaço para mover-se e desenvolver suas potencialidades. “Agressividade”, que segundo a autora é inata, no entanto a ação das pessoas com as quais convive podem intensificá-la ou moderá-la, ou seja, a educação imprópria provoca o seu descontrole, não se devendo, assim, tratar a agressividade com agressão, sejam elas físicas ou morais, é preciso que a criança sinta-se acolhida, e não rejeitada. Essa agressividade pode ser resultado, também dos programas de televisão, jogos e filmes violentos, que estimulam, ou até agravam a agressividade.
A “mentira” de fantasia é bastante comum nesta fase, e não mentir para criança ainda é a melhor maneira de ela não mentir com tanta freqüência. Quando os pais e professores mentem, as crianças acabam não confiando neles e imitando-os. Para a autora é preciso procurar a causa dessas mentiras ao invés de castigarmos. Criar um clima de confiança, de segurança e oportunizar o uso de sua imaginação, o seu poder de criar, em atividades de inventar brincadeiras, contar histórias, escrever, desenhar, pintar, modelar, etc. Pois sua criatividade não deve ser travada.
A “curiosidade”, que também é muito presente nesta fase, e não devemos impedir a sua manifestação. Patrícia Brum diz que, é fundamental os pais e professores, saberem respeitar e estimular essa característica, ensinando a criança a respeitar os outros, estabelecendo certos limites.
Nos capítulos finais a autora ainda fala, do tempo da criança, de seus medos, da disciplina e dos castigos e do papel de pais e educadores ao estabelecer limites.
Ao ler esse livro, pude perceber a importância a e dimensão do assunto, pois é importante sabermos acolher a criança, de forma que ela se sinta que tem alguém com que pode contar, pois ela procura meios de expressar aquilo que está sentindo.
Muitas vezes, além de acolher, cuidar e educar as crianças, mostrando a elas que nem tudo convém temos que trabalhar com os pais de forma que também se sintam acolhidos e aptos a proteger seus filhos. Pois nessa prática, muitas vezes os papéis se confundem.
Até que ponto é minha tarefa como educador ensinar tais valores a essa criança?
Qual o meu papel enquanto docente?
Lembro-me então da teoria de Piaget. Segundo ele, o desenvolvimento da criança se dá por constantes situações de equilíbrio e desequilíbrio, e cabe a nós usar dos conflitos que a criança já traz para mostrar a ela, quem ela é levando-a a conhecer os seus limites e capacidades.
Por outro lado é importante reforçar que devemos respeito ao tempo da criança, pois seu processo de desenvolvimento e aprendizagem, não é lógico e exige paciência, compreensão, atenção, e principalmente segurança, pois quando a criança sente que é amada e está segura, ela entende que é boa e feliz, e, por conseguinte mostra-se tranquila, e não há motivo para fazer birra ou chamar atenção.
O importante é conviver em harmonia, em paz, respeito mútuo, em ambiente democrático, onde a criança sinta-se amada, segura e feliz.
Devemos tomar muito cuidado ao caracterizar um problema na criança, pois certos distúrbios emocionais na fase em que se encontram são normais.
É fundamental agirmos da mesma maneira que pedimos ou exigimos que a criança faça. A criança será obediente através do exemplo de suas referências, sejam elas quais for. O que me faz lembrar Paulo Freire em seu livro Pedagogia da Autonomia no qual disse: “Quem pensa certo está cansado de saber que as palavras a que falta a corporeidade do exemplo pouco ou quase nada valem. Pensar certo é fazer certo.”
“Cada criança, cada idade, cada circunstância requer níveis diferentes de concessões e limitações...” (Souza, 1977:99)
Respondo então que o nosso papel não é limitar a criança, repreendendo suas perguntas, descobertas e curiosidades, e sim estabelecer limites, para que ela entenda que vivemos em um mundo, onde existem regras e leis que devem ser respeitadas. E desde já devemos mostrar a ela o seu papel, visando seu preparo para a vida em sociedade.

4 comentários:

Laura Carneiro disse...

Olá Ju, gostei mt da sua resenha! Acredito q m ajudará mt em meus estudos p o concurso q vou prestar! MT obgda por contribuir com minha evolução, bjs

Maria disse...

Amei! Me auxiliou no estudo do tema e aguçou a minha curiosidade para procurar fazer a leitura do livro.

Unknown disse...

Adorei, parabéns! vai me ajudar muito!

Anônimo disse...

Amei. Vou ler esse livro.
bjss