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sábado, 24 de abril de 2010

PEDAGOGIA DA AUTONOMIA


MINHA RESENHA

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à pratica educativa.São Paulo: Paz e Terra , 1996 (Coleção Leitura)

“Mudar é difícil, mas é possível.”
É o que defende Paulo Freire por uma Pedagogia da Autonomia, onde segundo ele não há ensino sem um mútuo aprendizado.
O autor introduz sua obra explicando as razões que o levaram a analisar a prática pedagógica do professor em relação à autonomia de ser e de saber do educando e inicia sua análise discutindo alguns saberes fundamentais à prática docente de educadores/as críticos ou progressistas. Um dos saberes mencionados por ele é: “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou sua construção” (pág. 22).
A prática não está apenas em receber informações e sim numa troca de experiências, onde haja aprendizado de ambas as partes.
Ensinar exige ir além da curiosidade comum, ousar nessa curiosidade, sem deixar de lado o ético e o estético. Respeito, ética, capacidade de viver e aprender com o diferente são obrigações que nós como educadores e como seres humanos devemos exercer.
Freire critica o ensino “bancário” dizendo que esse tipo de ensino “deforma a necessária criatividade do educando e do educador” (pág. 25).
Segundo ele um educador tem o dever de, na sua prática docente instigar a capacidade crítica do educando e uma de suas tarefas mais importantes é desenvolver nele e em si mesmo a rigorosidade metódica, ou seja, não ser meramente um transferidor de conteúdos, e sim indivíduos criadores, críticos, instigadores e persistentes. Não basta apenas ensinarmos os conteúdos, mas também temos que ensinar a pensar certo.
“O professor que realmente ensina, quer dizer, que trabalha os conteúdos no quadro da rigorosidade do pensar certo, nega, como falsa, a fórmula farisaica do “faça o que mando e não o que eu faço”. Quem pensa certo está cansado de saber que as palavras a que falta a corporeidade do exemplo pouco ou quase nada valem. Pensar certo é fazer certo.” (pág. 34)
Não dá para falar e querer mudar uma realidade se não há testemunho de seu discurso.
Ensinar para Freire requer ter consciência de que somos seres inacabados ou inconclusos, ou seja, é ter certeza de que fazemos parte de um processo inacabado, mesmo sendo seres humanos condicionados, pois sempre há a possibilidade de interferirmos na realidade a fim de modificá-la. Estamos sempre em um processo de transformação, em busca de novos conhecimentos e idéias.
“A consciência do mundo e a consciência de si como ser inacabado necessariamente inscrevem o ser consciente de sua inconclusão num permanente movimento de busca” (pág. 57).
E é nessa inconclusão do ser que se funda a educação, pois é a partir de nos conhecermos como seres inacabados que nos tornamos educáveis.
É nesse mesmo sentido de inconclusão que Paulo Freire nos fala, que é preciso aceitar os desafios do novo, como uma forma enriquecedora e inovadora e que temos que rejeitar qualquer tipo de discriminação seja de raça, classe social e que acima de tudo ensinar exige respeitar a autonomia do educando.
“O professor que desrespeita a curiosidade do educando, o seu gosto estético, a sua inquietude, a sua linguagem, mais precisamente a sua sintaxe e a sua prosódia; o professor que ironiza o aluno, que o minimiza, que manda que ele se ponha em seu lugar ao mais tênue sinal de sua rebeldia legitima, tanto quanto o professor que se exime do cumprimento de seu dever de propor limites à liberdade do aluno, que se furta ao dever de ensinar, de estar respeitosamente presente à experiência formadora do educando, transgride os princípios fundamentalmente éticos de nossa existência” (pág.60).
Nós como educadores temos que respeitar as opiniões, as idéias e as curiosidades que nossos alunos trazem consigo, temos que incentivá-los a indagar, questionar, enfim torná-los críticos e formadores de opiniões, pois o educador não deve inibir ou dificultar a curiosidade dos alunos, muito pelo contrário, deve estimulá-la, pois dessa forma desenvolverá a sua própria curiosidade. E ela é fundamental para nossa imaginação, intuição, capacidade de comparar e transformar.
Ensinar exige o pensamento de que a mudança é possível. Para mudarmos, devemos ter a esperança de que podemos ensinar e produzir junto com os nossos alunos.
“É a partir deste saber fundamental: mudar é difícil, mas é possível, que vamos programar nossa ação político-pedagógica, não importa se o projeto com o qual nos comprometemos é de alfabetização de adultos oco de crianças, se de ação sanitária, se de evangelização, se de formação de mão-de-obra técnica.” (pág.79).
No capítulo final de Pedagogia da Autonomia o autor fala da “autoridade docente democrática” (pág. 91), onde o professor deve exercer sua autoridade em sala de aula, sem ser propriamente autoritário, tirando a liberdade de seus alunos. Relembra-se nesse momento da “ética” com a qual deve ser preservada a democracia com responsabilidade, pois estamos falando de uma relação entre seres-humanos.
“Me movo como educador porque, primeiro, me movo como gente.” (pág.94).
Freire fala ainda, que o professor cuja a opção é democrática e progressista não pode, faltando com a corporeidade ter uma prática autoritária e elitista.
Em sua prática humanista o autor lembra Marx quando se diz respeito aos interesses humanos, [...] “nos fizemos seres éticos e se abriu para nós a probabilidade de transgredir a ética, jamais poderia aceitar a transgressão como um direito mas como uma possibilidade. Possibilidade contra que devemos lutar e não diante da qual cruzar os braços.” (pág. 100)
Quanto a autonomia, Paulo Freire diz que é um processo de amadurecimento, que não ocorre derrepente.

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